quarta-feira, 8 de agosto de 2012


Leia, a seguir, o trecho do livro Transplante de menina, de Tatiana Belinky.

 [...] Na Avenida Rio Branco, reta, larga e imponente, embicando no cais do porto [...] tivemos a nossa primeira impressão - e que impressão! - do carnaval brasileiro. [...] O que nós vimos, no Rio de Janeiro, não se parecia com nada que eu pudesse sequer imaginar nos meus sonhos mais desvairados. [...]
Aquelas multidões enchendo toda a avenida, aquele corso - desfile interminável e lento de carros, pára-choque com pára-choque, capotas arriadas, apinhados de gente fantasiada e animadíssima. Todo aquele mundaréu de homens, mulheres, crianças de todos os tipos, de todas as cores, de todos os trajes - todos dançando e cantando, pulando e saracoteando, jogando confetes e serpentinas que chegavam literalmente a entupir a rua e se enroscar nas rodas dos carros... E os lança-perfumes, que que é isso minha gente! E os "cordões", os "ranchos", os "blocos de sujos" - e todo o mundo se comunicando, como se fossem velhos conhecidos, se tocando, brincando, flertando - era assim que se chamavam os namoricos fortuitos,. a paquera da época -, tudo numa liberdade e descontração incríveis, especialmente para aqueles tempos tão recatados e comportados...
[...] Vi muitos carnavais daquele, participei mesmo de vários, e curti-os muito. Mas nada, nunca mais, se comparou com aquele primeiro carnaval no Rio de Janeiro, um banho de Brasil, inesquecível...
Tatiana Belinky: Transplante de menina, São Paulo, Moderna, 2003, pp. 101-103.

Tatiana Belinky nasceu na Rússia. Aos dez anos, emigrou para o Brasil, onde mora até hoje. É considerada uma das maiores escritoras de nossa literatura infanto-juvenil. Em seu livro transploante de menina, ela narra memórias de sua terra natal, a viagem para o Brasil, as primeiras impressões, sua infância e juventude no novo país.

Após a leitura do texto reflita e responda sobre as questões: 

O que a autora rememora?

Por que ela o considera marcante?

Atenção!!!Ao contar o que viu, Tatiana usa e abusa da descrição. Com riqueza de detalhes, descreve a Avenida Rio Branco, o desfile dos carros, as multidões, a forma como se vestiam. Não esqueça:
Para fazer uma boa descrição é importante reparar no objeto descrito como se olhássemos pela primeira vez. devemos trazer à lembrança sensações, impressões e informações captadas pelos nossos sentidos: cheiros, sabores, formas, cores texturas, sons.A descrição pode ser utilizada como recurso para envolver o leitor e aproximá-lo ainda mais da experiência trazida pelo autor do texto.


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